Wednesday, December 05, 2007

Grito de fausto

O Curativo da ferida que não me pertence.
O monoabraço da multidão
A monogamia das orgias
A poligamia do romantismo
A feminilidade de marte
A masculinidade de vênus

A mentira desta verdade bruta
A brutalidade da delicadeza
O encanto da tortura
A imparcialidade do teu olhar fixo
O lado negro da lua
O pentagrama da tua bruxa

A língua da tua boca
Os dentes desta mordida
A luz que te lambe a face
As unhas que te rasgam as costas
A ira da tua mansidão

As pernas que te carregam nos olhos
Os olhos que carrego na mão
A maçã do pomar no Édem
O Édem,na escuridão lasciva
A estrela suspensa no céu noturno
O relâmpago efêmero da tua tempestade

A flor da tua coroa fúnebre
A graça da tua desgraça
O riso do vagabundo
O sorriso vertical que te enlaça
O poste que ilumina tuas ruas
O poste na esquina da prostitua

A prostituta embutida de cada mulher
O sangue que alimenta teu corpo
O corpo enfermo no leito
A morbidez da tua ferida
O curativo da ferida que não me pertence.