Wednesday, December 05, 2007

Grito de fausto

O Curativo da ferida que não me pertence.
O monoabraço da multidão
A monogamia das orgias
A poligamia do romantismo
A feminilidade de marte
A masculinidade de vênus

A mentira desta verdade bruta
A brutalidade da delicadeza
O encanto da tortura
A imparcialidade do teu olhar fixo
O lado negro da lua
O pentagrama da tua bruxa

A língua da tua boca
Os dentes desta mordida
A luz que te lambe a face
As unhas que te rasgam as costas
A ira da tua mansidão

As pernas que te carregam nos olhos
Os olhos que carrego na mão
A maçã do pomar no Édem
O Édem,na escuridão lasciva
A estrela suspensa no céu noturno
O relâmpago efêmero da tua tempestade

A flor da tua coroa fúnebre
A graça da tua desgraça
O riso do vagabundo
O sorriso vertical que te enlaça
O poste que ilumina tuas ruas
O poste na esquina da prostitua

A prostituta embutida de cada mulher
O sangue que alimenta teu corpo
O corpo enfermo no leito
A morbidez da tua ferida
O curativo da ferida que não me pertence.

Sunday, November 04, 2007

Olha a chuva...

E se eu ando na rua,toda molhada
sorriso maroto e descabelada
E vocês me olham
como desleixada.

Não faço nada demais
Eu apenas vivo e eu sinto
tudo aquilo que vocês vêem da janela;
com medo
aterrorizados.

Os raios,os ventos e trovões
Fazem parte de mim.
E perdi o meu medo da chuva
ainda que seja tempestade.


"Henriqueta Lisboa"
"- Menino, vem para dentro
Olha a chuva lá na serra
Olha como vem o vento!
- Ah! como a chuva é bonitaE como o vento é valente!
- Não sejas doido, menino! Esse vento te carrega.Essa chuva te derrete!
- Eu não sou feito de açúcar
Para derreter na chuva.
Eu tenho força nas pernas
Para lutar contra o vento!
E enquanto o vento soprava
E enquanto a chuva caia,
Que nem um pinto molhado
Teimoso como ele só:- Gosto de chuva com vento,
Gosto de vento com chuva!"

Doce poesia de infância!

Monday, October 22, 2007

Rogai por nós pecadores

Não comi a maçã.
Apenas mordi as frutos putrefados do Édem.
Visitei os demônios no Paraíso.

Vesti o manto;
Azul e brando;
Todo branco.

Tal como Virgem Maria;
De salto alto e cinta-liga
Do jeito que o diabo gosta.

Acendi as velas do meu funeral
Ainda que clamando por vida.

Andei sob o cajado do pastor;
A Ovelha negra.

Sentei no colo dos Deuses pagãos
Fumei um cigarro diante da cruz
Me banhei em água benta.

Vesti asas,aprendi a voar.
Galopante nos zéfiros
Me deixei por levar
Errante,apenas sigo adiante.
Não vejo horizonte.
Estou no infinito.

Monday, March 12, 2007

Para quem pensa que eu morri...e não é nada.É tudo nada.Tudo ou nada.

Não,não morri.Só dei um tempo em tudo,era muito e era cheio.Cheio de fatos, de idéias e tudo mais mas faltava-me coragem de relatar o que vi nesse tempo de varde,tudo que vivi,tudo que senti e tudo que eu vomitei de dentro pra fora, de fora pra dentro.Coisas que nem eu acredito...mas enfim,recomeçando nesse ano novo.Tudo novo.nada velho.Nem paixões.Nem corações,nem mentes,nem mortos,nem papos.Só o que não muda são os amigos e o rock´n´roll.O bom e velho...de sempre e para sempre,pelo menos até morrer.Até o sol se pôr e até o dia nascer.
De fato hoje acordei inspirada.Rotina de sempre,escola,aulas e professores, então me cai uma tarefa.Uma tarefa que já havia declarada mim mesma muito tempo atrás , mas jamais tive coragem,força ou critividade o suficiente para fazer.Então minha professora,senhora da sala,a guia de nossas mentes ,dementes que sejam,dementes que são.A coruja,sábia, mãos pelas quais todos nós passamos.Basta escolher Se delas se colhem surras para vida,palmadas doloridas de educação ou se você as beija de agradecimentos por tudo que ela lhe estendera até então.
O que aconteceu foi um pedido de tarefa já da semana passada.Uma autocrítica poética,que eu deixei de fazer por conta da semana e do final de semana que tive.Atribulado,turbulento.Resultado é que eu fiz na pressa,na hora,foi expontaneo e sincero,sem aquela coisa de pensar muito o qué e o que não é.Foda-se e é assim mesmo.
A professora fez o seu trabalho,leu,olhou desconfiada e disse que aquilo não era meu.Eu fiquei espantada,o que será que fiz de errado ou será que não sou tão capaz assim...Sei lá,o que interessa é que consegui escrever alguma coisa decente sobre mim mesma,ou pelo menos uma casca disso tudo.Ela me olhou nos olhos e disse que não era meu,eu não soube o que dizer,mas juro que saiu de lá das minhas profundezas:




"No horizonte põe-se o sol do contestado
No meio alto das terras do planalto
De onde veio,de onde nasce
Com luxo de flor que brota para abrir-se
Com destino certo de que há morte.
Como mares revoltos e desatinos
Outrora calmaria de águas extensas e límpidas
Como azul profundo,como negro,
Que mostra tanto quanto esconde.
De alma diáfana,mas invisível
Ser como louco,vesano
Mas de tino aguçado
De quem é tudo,de quem é nada."

Como diria Raul..."Eu sou o tudo e o nada"
E dentro dessa cabe outra do Humberto Gessinger..."Na verdade nada é uma palavra esperando tradução" E o tudo cabe dentro disso também.Se intercalam entre tudo e nada, e se calam para não dizer nada.Porque não sou nada.Sou nada.